Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
sábado, 5 de julho de 2014
"Prêmio"
Recebo um torpedo da Vivo, informando que eu ganhei R$ 45 mil pela recarga premiada. Então devo ligar para o número indicado na mensagem ou mandar um torpedo com a senha informada. Mando um torpedo com a senha e dois minutos depois recebo uma ligação. "Bom dia, senhor", diz a voz do outro lado da linha. "Bom dia", respondo. "Meu nome é Marcelo Monte Novaes e sou gerente da Vivo. Estou entrando em contato com o senhor, informando que o senhor é o ganhador de R$ 45 mil. Parabéns", diz o interlocutor. "Ah, tá", respondo, sem entusiasmo. "Para receber o valor, vamos fazer alguns procedimentos. Tudo bem?", avisa o Marcelo. "Tudo bem", respondo. Então ele pergunta meu nome completo, e logo em seguida diz "que é uma mensagem séria. Isso não é um trote, viu, senhor Francisco. O senhor pode agora anotar alguns dados?". Digo que sim e anoto o que ele vai falando. Seu nome completo, seu cargo na Vivo, o endereço da loja, em São Paulo. Só que o número que ele me ligou é do Nordeste. E a minha conta da Vivo é pós-pago, não recarga. Mas sigo adiante. "Senhor Francisco, não estou sentindo entusiasmo na sua voz. O senhor ganhou R$ 45 mil, cadê a alegria?", questiona o Marcelo. Dou uma risadinha sem graça. "Mais entusiasmo, seu Francisco", pede o gerente da Vivo. E então ele me pede que eu repita os dados que me passou. Repito. "Muito bem, agora vamos ao próximo passo", avisa. E pergunta qual banco eu tenho conta. "O senhor tem conta em qual destes bancos, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco ou Itaú?". "Nenhum deles", digo. "Mas algum parente, conhecido tem conta em algum destes bancos?". "Não que eu saiba", respondo. "Bem, então qual seu banco?". Digo pra ele. "Puxa, seu Francisco, então o senhor terá de abrir uma conta poupança. O senhor tem como ir agora a uma agência lotérica? Vou lhe passar o número de sua nova conta e o senhor deposita R$ 200. O senhor tem R$ 200 na mão?". "Não", falo. "O senhor vai perder R$ 45 mil por não ter R$ 200? Quantas pessoas não gostariam de estar no seu lugar agora?". "Fazer o quê?", digo. "O senhor quer prosseguir com a premiação ou para por aqui?", pergunta o Marcelo. "Olha, vou parar". "É sua última palavra?", pergunta de novo. "Sim". Faz-se o silêncio do outro lado da linha. E então ele volta: "Então vai tomar no teu cu, vai se fudê, seu trouxa", e desliga na minha cara. Putz, matei um vigarista no cansaço. E fico pensando quantas pessoas não caem no golpe por se verem embolsando uma bolada de graça.
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