quinta-feira, 7 de maio de 2015

“Assalto”

Lá por 2009, 2010, todos os sábados eu ia ao cinema no GNC Moinhos na sessão das 19h, 20h. Na volta, por volta das 23h, 23h30min, sempre pegava o T3 ali no Parcão, e quando chegava na parada da Icaraí quase esquina Campos Velho eu descia do ônibus. E várias vezes eu vi o veículo, vazio, entrar na Campos Velho ao invés de ir para o final da linha, no BarraShopping. Então num sábado, o T3 está na Icaraí, e apenas eu, a cobradora e o motorista lá dentro. Pô, então eu penso, bem que poderia pedir para ficar no ônibus e descer em frente ao prédio onde moro, e não precisar caminhar quatro quadras se ele entrasse na Campos Velho, onde moro. Como estou lá atrás, nos últimos bancos, me levanto e vou em direção a cobradora. “Moça”, chamo. No mesmo momento ela dá um berro: “Não, não, por favor, hoje não, não nos assalte”. Eu paro no meio do corredor, assustado. “O que foi, o que foi?”, olhando para trás, talvez houvesse mais alguém no ônibus, um ladrão, mas não, apenas eu de passageiro. Ela está de braços levantados e o motorista vai freando o ônibus. Aí entendi. Ela viu aquele negão levantando e indo em sua direção e pensou em assalto. “Não, não, só iria perguntar para vocês se o ônibus vai entrar na Campos Velho e se eu poderia ficar nele até descer em frente ao meu prédio...”, digo. “Menino, que susto”, diz a cobradora. “Pô, tu vê um negão e já pensa em assalto”, falo. “Não, não foi isso. É que nesta semana um cara ficou sozinho no ônibus, levantou, veio até aqui e colocou uma arma na minha cara. E era loiro”, conta a cobradora, aliviada e já dando risada. O motorista também entra no papo e poucos minutos depois me deixam bem em frente ao meu prédio, são e salvo.

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