Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
domingo, 29 de março de 2020
"Álcool Gel"
Chego no Zaffari e fico sabendo que para comprar álcool gel basta pedir no caixa. Duas unidades por cliente. Aí a menina pergunta quantas eu quero. "Duas", respondo. "Grande ou pequena?". "Grande". A guria chama o gerente, que vai buscar os produtos. Então pergunto: "Quanto?". Ela me olha e dispara: "460". Dou um pulo para trás. Nossa, o valor! Não tenho esta grana e digo que não quero mais. "Mas por quê?", questiona a caixa. "Pô, tá muito caro. Isso é um roubo", digo, bem na hora que o gerente chega carregando os dois potes. "O senhor tem certeza?". "Mas claro, vocês estão roubando", digo. Ela fica me olhando com uma cara assustada, não mais do que a minha. E então se dá conta. "Não, não, agora entendi. 460 são os gramas, não o preço, que é 8,25 cada", explica a moça. "Pô, se não morro do vírus, iria morrer do coração", brinco. Como o supermercado está quase vazio, os presentes escutaram a conversa doida e caiu todo mundo na risada.
"Derrame"
Estava na cobertura da Expodireto em Não Me Toque no começo de março. E uma das pautas que recebi no primeiro dia: "ver como estava o atendimento no departamento médico da feira". E lá fui eu entrevistar médicos e enfermeiros. Ao perguntar sobre serviços prestados, um deles era o da aferição da pressão. Pô, eu como hipertenso, tenho de fazer isso diariamente. Aí solicitei o atendimento. Preenchi a ficha e um minuto depois, me chamam. E a minha pressão: 200 por 110. Ou seja, altíssima. O médico diz que desse jeito não posso ser liberado, e terei de ficar um tempo em observação, e tomando um remédio. Tento argumentar que tenho outras pautas e não posso ficar detido. Mas não tem jeito. "Eu te libero, tu sai, caminha dois metros e cai duro aí na frente. Quem é o responsável?, questiona o médico. Depois de um tempo repousando, sou liberado, mas convocado a retornar no dia seguinte.
E chega o dia seguinte e lá vou eu de novo ao departamento médico. A enfermeira vem, coloca o esfigmomanômetro no meu braço. E de repente sai correndo da sala, voltando com duas médicas e mais uma outra enfermeira. A médica pega o aparelho, e pede que a enfermeira afira novamente minha pressão. Então pergunta: "Francisco, tu está te sentindo bem?". Eu digo que sim. "Tem certeza? Nada de formigamento, tontura, visão turva?". "Olha doutora, tudo isso junto e reunido", brinco. "O que está acontecendo?", finalmente pergunto. "Rapaz, tu está quase tendo um derrame...". Putz, que cagaço eu tomei. Sou cercado pela equipe médica, e me fazem uma análise completa, com direito a remédio preventivo e isolamento em uma sala até que meu organismo volte as atividades normais. Após um tempo, sou liberado, mas passo o resto da semana sendo monitorado. Sobrevivi.
domingo, 15 de março de 2020
"Choque"
Fui entrevistar o prefeito de Imbé, Pierre Emerim da Rosa, agora em fevereiro passado. Como era feriadão de carnaval, ele pediu para a entrevista ocorrer na casa dele. E lá se foi eu e o Mauro Schaefer para a empreitada numa quente segunda-feira pela manhã. Quando chegamos em frente à casa, descemos do carro do jornal. Eu na frente fui em direção ao portão de entrada. E de repente paraliso, e fico tomando um choque de sei lá quantos volts - explico, havia uma cerca elétrica acima do portão, mas com apenas uns 1,85 de altura - e como tenho 1,90m, o fio pegou bem no meio da minha testa, e fiquei lá fritando, até o prefeito desligar a energia e pedir desculpas pelo acidente. O Mauro vinha atrás e disparou: "Agora ele acorda".
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