quarta-feira, 7 de maio de 2014

“Assalto”

Saio de um show no Opinião, lá pela uma e meia da manhã, isso em 2004, e vou caminhando em direção a Perimetral pegar qualquer ônibus ou lotação que venha para a zona sul. Chego na parada, bem em frente a Praça Zumbi dos Palmares. Comigo mais umas seis ou sete pessoas que também estavam no show. Duas delas sentam no cordão da calçada, e ficamos tentando adivinhar quando vai aparecer uma condução. Nisso chegam três carinhas vindo dos Açorianos, e cada um fica numa ponta da parada. Acho tudo aquilo muito estranho. Eles se olham, e eu observando, e fazem sinais com a cabeça. Então um deles põe a mão dentro da mochila. Putz, eu saco. Eles vão assaltar a galera. Mas como avisar o pessoal sem criar tumulto? Acabo fazendo uma coisa meio egoísta, simplesmente saio correndo em direção ao outro lado da rua. Quando chego na praça, olho para trás e vejo o carinha que tinha colocado a mão na mochila puxar uma arma e apontar para o pessoal. Em segundos, os três limpam todo mundo. Carteiras, celulares, relógios. Eu fico procurando algum brigadiano, algum carro da polícia, mas não vejo nada. Os ladrões terminam o trabalho e saem correndo em direção ao Gasômetro. O pessoal que foi assaltado atravessa a rua, e eu vou de encontro a eles, me desculpando por ter fugido. “Pessoal, eu notei o cara armado, mas como avisar vocês sem levar um tiro? Eu tive de me mandar”, digo, me sentindo culpado. “Cara, fica tranquilo, tu não tinha o que fazer. E faltou atenção da gente”, diz um carinha cabeludo. Então fomos atrás da polícia. Em vão. Depois da tentativa frustrada, consegui pegar um lotação e voltar para casa. Agradecendo ao anjo da guarda.

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