quinta-feira, 16 de outubro de 2014

"Eleições"

Em 1994 trabalhei nas eleições para governador e presidente. Bem, sempre fui da ideia de que não se pode dar poder a quem não sabe lidar com ela. E foi o que aconteceu com a presidente de mesa onde fui mesário. Logo ao chegar na sessão eleitoral às seis e meia da manhã, veio uma pirralha cagando ordens. "Fulano, você senta lá", "sicrano, você fica ali", "etc, etc". "O que eu faço?", pergunto. "Ah, tu pode sentar ali", disse a guria, apontando uma mesinha, sem nada em cima. Sentei e fiquei ali esperando começarem os trabalhos. Às oito horas começaram a votação e nada de eu ser chamado para fazer algo. Duas horas depois, lá estava eu, na minha mesinha, e nada, nada. E ela berrando com os outros mesários, cagando regras e ordens. "Então, no que posso ajudar?", pergunto. "Fica aí", ordenou a guria. Meio-dia, ela me olha, e diz: "Cara, tu pode ir almoçar agora. Mas volta em uma hora, viu?", ordena. "Ah, tá, muito obrigado pela concessão", ironizo, levantando e saindo da sala. Vou pra casa, puto da cara. Almoço e decido tirar uma soneca. Acordo às duas e meia da tarde, tomo um banho e volto pra sessão às três horas. Quando entro na sala, a guria me olha furiosa. "Onde tu andava, onde tu andava?". "Hello, quem tu acha que é?", pergunto. "Eu sou tua chefe, tu tem de me obedecer", berra ela. "Tem algo errado aqui. Tu é apenas a presidente de mesa, tu não é minha chefe. Quem tu acha que é?". "Eu sou tua chefe", repetiu. "Não vamos a lugar nenhum assim. Te recompõe e muda teu jeito de agir", respondo, ainda falando sobre as bobagens que ela passou a manhã fazendo. Os outros mesários olhavam, boquiabertos. Bem, voltei pro meu canto e fiquei ali, atirado até acabar a votação, às cinco da tarde. Quando simplesmente levantei e fui pra casa. E ainda teria um segundo turno....

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