Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
“Basquete”
Em 1988 não escapei da de educação física na faculdade. Como estava desempregado, não consegui atestado para não ter de fazer a cadeira na Unisinos. Eles liberavam se a gente tinha algum problema físico, de saúde ou trabalhava. Apesar de alegar minha miopia, isso não foi suficiente. E pior que nas aulas não havia futebol , mas vôlei e basquete. E eu odiava. E lá estou eu na primeira aula de bola ao cesto. Dois colegas foram escolhidos como capitães e assim poderiam escolher os seus jogadores. O único negro na aula era eu. E um dos capitães aponta o dedo pra mim e diz: “Quero o Michael Jordan ali”. Eu não tinha a mínima noção de quem era o tal Michael Jordan. “É você mesmo”, disse ele, me chamando. Coloquei o dedo indicador no peito e perguntei: “Eu?”. “Sim”. Bem, ser o único negro e meus 1,90 deveriam servir alguma coisa, deve ter pensado o cara. Só que eu era muito ruim. E os caras do meu time só jogavam a bola pra mim, esperando que eu resolvesse. E eu ia perdendo todas, sendo desarmado sem dó. E o pior quando recebia a bola embaixo da cesta. Eu tentava uma, duas, três vezes e a bola nunca caia. Zero pontos. Acabou o jogo e os caras pra mim: “Ah, hoje foi má sorte”. Tá bom. E na aula seguinte novo fracasso. No terceiro jogo já me olhavam de cara virada. E na quarta partida, simplesmente deixei de ser escolhido. Fracasso total, até que quebrei o dedo num acidente caseiro e fui dispensado das aulas. Para minha sorte e a dos basqueteiros, que se viram livres daquele perna ou seria mão de pau?
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