Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
“Golpe”
Brasileiro se acha muito esperto. Pois no Chile, em 1997, caí num golpe absurdo. Era uma sexta-feira e eu e a minha namorada tinham os de trocar uns dólares para poder comprar umas passagens para visitar a Terra do Fogo. E a agência chilena só aceitava o peso chileno, nada de dinheiro estrangeiro. Então eu e a minha namorada fomos procurar uma casa de câmbio. Mas já passavam das quatro da tarde, horário de fechamento delas. Ficamos olhando as portas serem fechadas e a funcionária, do lado de dentro lamentando. Então apareceu um carinha magrinho, de cavanhaque. “Ustedes quiérem cambiar la plata?”. Olhamos para ele, que tinha uma cara de honesto e vimos que ele queria nos ajudar. “Sim”, respondi. “Quanto?”, perguntou. “Cien dólares”, falei. “Eu troco para ustedes”, disse o carinha, em portunhol. A minha namorada abriu a bolsa e deu o dinheiro para ele. “Ustedes esperam acá que yo vuelvo”, garantiu ele, pegando os cem dólares e entrando numa porta lateral. O tempo foi passando, cinco, dez, quinze, vinte minutos e nada do carinha. Então decidimos entrar na mesma porta, pegamos um corredor e de repente descobrimos que aquilo era uma galeria e que havia uma saída do outro lado, há cerca de uns dez metros. Nos olhamos e fizemos cara de otário um para o outro ao descobrirmos ter sido vítimas de um malandro de rua. O cara deve ter pego o dinheiro, se mandou achando nunca ter ganho uma grana tão fácil. E em 1997 cem dólares era grana. A minha guria me olhou e disse: “Não vai contar isso pra ninguém”. Jurei que não.
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