terça-feira, 2 de junho de 2015

“Bono, Bolo”

Está passando na tevê um comercial dos postos Ipiranga, onde um matuto tenta fazer o Cebolinha dizer Ipiranga, e o Cebolinha não consegue, falando “Ipilanga”. Aí me lembrei de uma vez em que estava no aeroporto de Salvador esperando a hora de meu voo. Sei lá, de repente deu vontade de comer umas bolachas recheadas. Levantei da cadeira, fechei o livro que estava lendo e fui procurar as tais bolachas. Lá de longe enxerguei um quiosque com várias guloseimas. “Boa tarde”, disse. A guria que estava no balcão me olhou e perguntou, com aquele sotaque cantado baiano: “Cê não é daqui não, né?”. “Não, sou do Sul. Gaúcho”. “Ah, tá, que cê quer?”. “Eu queria um Bono”, falei, citando as famosas bolachas, que antigamente eram conhecidas como São Luiz Extra. “Bolo?”, retrucou ela. “Não, Bono”, respondi. “Bolo?”. “Não, Bono”. “Bolo?”, insistiu a baiana. Eu achei que ela estava tirando sarro de minha dicção, que não é das melhores. “Não, quero Bono”. “Bolo não tem”. “Não, Bono, Bono”. “Ué, não temos bolo”. PQP. Pensei melhor. “Não, querida, Bono, bolachas recheadas”. “Ah, biscoitos recheados. Como é mesmo? Bolo?”. “Não, Bono, com ene, não é bolo, o que você não está entendendo?”. “Bono não conheço não”, finalmente me disse a guria. “Pensei que tinha em todo o Brasil”, falei para ela. Acabei me contentando com uma barra de chocolate e balas de goma.

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