Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
sábado, 6 de junho de 2015
“Segredo de Estado”
Em 1992 morava em São Paulo e consegui um convite para assistir a gravação do programa do Jô Soares, o “Jô Onze e Meia”, nos estúdios do SBT, na rua Alfonso Bovero. Tinha de estar lá por volta das 16h. O gordinho gravava a partir das 17h programas para três dias. Quando saí da república onde morava, a galera vibrou e disse: “Vê se solta esta tua gargalhada e abafa a do Bira (o baixista da banda que acompanha o Jô e conhecido pela risada forte e alta)”. “Vamos ver”, disse.
Depois de esperar alguns minutos, a plateia foi levada aos estúdios. Recebemos as instruções de como nos comportar durante as mais de quatro horas de gravação, e sem lanchinho. Bico seco. Ah, e no final das gravações, poderíamos conversar com o Jô Soares. Eu não queria isso, mas olhava para a xícara dele sobre a mesa. E à época todo o Brasil queria saber o que era que ele bebia durante suas entrevistas. Segredo de estado total. Pensei com meus botões, vou descobrir isso. E começam as entrevistas, eu nem me lembro quais eram os entrevistados do programa. Lá pelas nove da noite, elas acabaram, e liberaram para a galera entrar no palco e conversar com o Jô. Ele veio em direção ao público e eu fui na direção de sua mesa, passei por ele a passos lentos, quando vi na entrada do estúdio uma guria me olhando. E parece que ela adivinhou e começou a correr em direção a mesa. Apressei o passo e fui chegando, chegando, mas ela foi mais rápida e quando estiquei o pescoço para ver qual o líquido secreto na xícara, ela puxou a caneca e soltou: “O que tu quer?”. “Quero saber o que ele bebe”. “Pois não te interessa, e sai, sai”. “Ah, deixa eu ver”, pedi. “Não, cara, sai daqui”, disse ela, tapando a caneca com uma das mãos e eu esticando mais o pescoço. “Tá bom, segredinho de estado”, soltei. “Sim, e se tu não sair fora, chamo os seguranças. Segurança”, gritou ela para uns caras de terno preto que estavam parados atrás do Jô, que distribuía autógrafos. Eles me olharam e fui saindo de mansinho. Anos depois, já na Globo, divulgaram que o tal líquido que ele bebe é coca-cola.
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