sábado, 3 de agosto de 2013

“Atração fatal – Parte I”

Curtia minha vida ao lado da Beth, quando uma colega de jornal resolveu se encantar pelos meus belos olhos castanhos...e se declarou pra mim no corredor entre a entrada e a redação. “Sou casado”, digo. “Mas não tá morto, e eu te quero pra mim”, diz a guria, tentando me lascar um beijo. Eu desvio o rosto, e me cagando de medo que algum outro colega veja a cena, afinal a Beth trabalha lá no segundo andar, e as notícias se espalham rapidamente por aqueles corredores. A guria passa a ser uma sombra para mim, aparecendo quando estou no bebedouro, quando vou pra sacada tomar um cafezinho, quando estou na sala do telex. E começa a me mandar emails. Por um lado é legal ser desejado, admirado, levar cantada. Só que as coisas começam a fugir do controle. A menina liga pro meu ramal e me convida pra almoçar no dia seguinte, um sábado. Sou obrigado a recusar. “Mas por quê?”, pergunta ela. “Porque sou comprometido”, digo. “Só um almoço”, pede ela. “Amanhã não posso, pois eu e a Beth iremos visitar uma tia minha que está no hospital”, digo. “Mentira”, berra a guria. Na segunda-feira chego no jornal e quando vou tomar um café, a guria para na minha frente e fala: “Realmente tu foi ao hospital”. “Mas como tu sabe?”, pergunto. “Eu segui vocês....” Minha nossa...Na semana seguinte, acabo não indo trabalhar, uma gripe me põe abaixo. Estou em casa, deitado no sofá, tapadinho, e a Beth na poltrona ao lado, recém fez uma sopa pra mim. E o telefone toca. Ela atende: “Alô...ah, só um minuto”, e me alcança o aparelho. Pego e do outro lado a colega: “O que esta vagabunda faz aí? Manda ela embora”, berra. Eu começo a suar frio, olho pra Beth, que fica me encarando, curiosa. “Muito obrigado pela preocupação, mas estou bem melhor da gripe”, digo, em voz alta. “Que que tu está falando? Não me interessa tua gripe. Eu quero que tu deixe esta puta e fique comigo”, grita a colega. “He, he, obrigado por perguntar, estou bem melhor”, desconverso. “LARGA ESTA VAGABUNDA E FICA COMIGO!”, dispara histericamente minha colega. “Valeu, boa noite”, digo, desligando o telefone, e passando ele pra Beth, que põe o aparelho na base. Fico pensando se por acaso ela não escutou os berros da guria do outro lado da linha. O suor escorre de minha testa e fico olhando pra Beth...que me olha desconfiada. (continua)

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