quinta-feira, 8 de agosto de 2013

“Torcedor”

O Ribeiro era um operador de áudio da Rádio Guaíba sem muitos freios na língua. Falava o que estava pensando e que o mundo se danasse. Pois em meados da década de 1990 foi designado para cobrir um jogo do Inter contra o Goiás no Serra Dourada, em Goiânia. E naquela época o Verdão do Planalto Central costumava derrotar sem dó e piedade a Dupla Gre-Nal. Tanto que viraram um clássico as narrações do Marco Antônio Pereira quando o Tricolor ou o Colorado iam jogar lá. “É do Goiáaaaaaaaaaaaasssssss”, cansou de narrar o Papagaio naqueles anos. Pois é a vez de o Inter jogar em Goiânia, e o Ribeiro está lá atrás da goleira dos vermelhinhos, e eles levam um gol. O operador era gremista doente, e não se segura, pulando e socando o ar ao comemorar um gol dos goianos. Só que a partida está sendo transmitida para Porto Alegre, e o diretor-geral da Guaíba e do Correio do Povo é colorado doente, e está na sala do Telmo assistindo a derrota de seu time. E fica muito, mas muito furioso ao ver seu funcionário na tela da Globo comemorando o gol do Goiás, em close, Não tem dúvidas. No dia seguinte, quando o Ribeiro põe o pé no prédio, seu destino está traçado. Ele é demitido, sem dó nem piedade.

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