Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
“Escapada”
Há muito, muito tempo atrás consegui sair com uma loirinha linda, uns três anos mais velha do que eu. Ela tinha 19 e eu 16 anos, e fomos jantar no Chalé da Praça XV, antes da reforma que o modernizou. Sexta-feira à noite, e ela chega, elegante, cheirosa. É a terceira vez que nos encontramos, e as coisas estão começando a ficar sérias entre nós. Puxo a cadeira para ela sentar, tal qual meu pai me ensinou. Ela senta, pedimos o cardápio e começamos a estudar o que pedir. Antes de comermos algo, peço dois refris. Eles chegam, o garçom serve nossos copos, e a menina abre a bolsa e tira de lá uma carteira de Marlboro. “O que é isso?”, pergunto, já sabendo a resposta, né, dã. “Ué, meu cigarro”, responde ela, acendendo um, e soltando a fumaça na minha direção. “Mas desde quanto tu fuma?”, continuo. “Desde sempre, acho que desde os 13, 14 anos...” Eu não consigo disfarçar meu descontentamento. “A gente já saiu umas vezes e eu nem imaginava”, lamento. “Bah, Chico, é que no começo eu fiquei meio assim, achei que tu não iria gostar, me falaram que tu é chato com cigarro, mas é bobagem, né...”, analisou a loirinha, soltando mais fumaça na minha cara. E ela era muito linda. Eu digo que vou ao banheiro. “Já volto, vou ao banheiro”, falo. Ao invés de ir ao banheiro, eu vou é embora, deixando a guria sozinha lá no bar. Dois dias depois, o irmão dela vai em meu encalço, furioso por eu ter deixado a loirinha a ver navios no Chalé. Ele só desiste de brigar ao ver meu tamanho, mas mesmo assim me passa uma carraspana. “Porra, meu, tu não podia deixar minha mana sozinha lá no Centro. E se acontece algo? Ainda bem que não. Lamento que tu tenha perdido uma baita gata”, diz ele. E sim, a guria nunca mais quis me ver.
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