Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
“Morcego”
Estou entrando no Opinião para assistir ao show do Angra quando decido dar uma última checada no celular, e lá está uma mensagem da Simone: “Chico, antes de sair do jornal, me liga....”. Parece urgente, então ligo para a Simone. “O que foi?” “Chico, onde tu está? Já saiu do jornal?” “Sim”. “Tu não tem como vir aqui em casa?” “O que aconteceu?” “Entrou um morcego aqui. Ele tá enfiado num canto, me apavorando”, diz ela. “Putz, estou dentro do Opinião, não tem como ir aí agora”. “Seu puto, o que vou fazer, porque tu não viu a mensagem antes?” “Bah, Si, tu vai ter de chamar um vizinho”. Nada mais posso fazer. Começa o show e lembro de uma vez, 1998...Estamos em casa, eu e a Beth, domingo à noite, vendo um filme e jantando, quando algo passa voando pela sala e se dirige pro quarto. “Amor, o que foi aquilo?”, pergunta a Beth, assustada. “Acho que é um morcego”, deduzo. Às nove da noite não seria uma pomba. Levantamos e nos dirigimos pro quarto, a Beth segurando minha mão. Acendo a luz, e lá está o bichano em cima do roupeiro, encolhido. Peço pra Beth buscar a vassoura. Ela vai, volta e me entrega a vassoura. Que uso pra puxar o morcego, que vem vindo, vem vindo e sai voando. Perdemos ele de vista por alguns segundos, e quando o vejo...”Amor...”, digo. “O que...” “Não te mexe”, peço, pois o morcego simplesmente se alojou nos longos cabelos da Beth, que caiam no meio das costas. Meu aviso, porém, surte efeito contrário, ela imagina o que está acontecendo, e começa a se tapear, e quanto mais faz isso, mais o morcego vai grudando suas patas nos seus cabelos. A Beth se debate, corre pelo quarto, e dou um leve safanão com a vassoura no bicho, que se solta, mas para na cortina. Bem grudadinho. Abrimos a janela, e eu tento puxá-lo pra fora, e nada. A esta altura, a Beth olha toda a ação escondida atrás da porta. Não quero machucar o bicho, mas também não quero ver a Beth mais desesperada. “CHICO, TIRA ESTE BICHO DAQUI DE UMA VEZ!”, berra ela. “Calma, já vai, já vai”, falo, empurrando o morcego bem devagar. Então ele se cansa da brincadeira e voa janela fora. Então a Beth lembra que o morcego pousou no seu cabelo, ameaça cortá-lo bem curto, desiste, mas passa uma semana lavando-o manhã e noite. E eu ponho telas nas janelas do apartamento.
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