Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
“Bocaberta”
Desço do ônibus, coloco a mão no bolso da calça para pegar minhas chaves, e elas não estão lá. Calma, calma, calma. Procuro nos bolsos do casaco, da camisa, e nada. Ponho a mochila no chão e começo a revirar cada centímetro dela, e nada. PQP. Perdi as chaves e não tenho como entrar em casa. Sim, o gênio não possui cópia. Nisso vem passando o carteiro e o pai da Carol, o Giba. “Giba, abre o portão pra mim que perdi minha chave”, digo. O carteiro me olha, e avisa: “O síndico estava com umas chaves aí no pátio”. Bah, será que serão as minhas chaves? Entro no prédio e vou procurar o seu Nelson. E lá vem ele. “Seu Nelson, o senhor por acaso não encontrou umas chaves?”. “Olha, achei, mas toquei fora”, sacaneia ele. “Já entendi, seu Nelson, é porque tem um chaveiro do Grêmio, né?”, digo. “Olha, não quis dizer nada, mas não queria ser encontrado com drogas”, continua sacaneando ele, me entregando as chaves. “Elas estavam no portão da entrada. Tu abriu o portão, deixou elas lá e se mandou, né?”, completa. Pior, foi o que fiz. Ufa, salvo. E me surgem aquelas lembranças. De quando dividia o teto com uma namorada, há muito tempo atrás. Chego em casa, abro a porta, fecho a porta, largo a mochila no sofá, e vou pro banho. A minha namorada chega, entra e cansada, pede que eu vá ao supermercado. Me prontifico, pego a carteira, e cadê as minhas chaves? Nem sinal. Reviramos o apartamento de cabo a rabo, e nada delas aparecem. Simplesmente evaporaram. “Amor, tu tem certeza de que não perdeu na rua”, pergunta ela. “Claro, afinal como entrei em casa?”, constato. “É, estranho, muito estranho, um caso para o Mulder e a Scully”, encerra ela, citando nossa série favorita na época, o Arquivo X. Pois anos depois, muitos anos depois, já separado dela, estou sentado na minha poltrona, vendo um filme e tomando um vinho, e olho pra porta, lá em cima, onde fica um preguinho. E o que vejo pendurado nele? As chaves que desapareceram naquele final de tarde de um sábado em 1998.
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