quinta-feira, 8 de agosto de 2013

“Traidor"

Lá por 1997, 98, o Possas foi designado para cobrir um jogo de futsal em Pelotas, sua terra natal, pela Rádio Guaíba. Era um sábado à noite, e ele estava acompanhado do Pelotinha e do Orestes de Andrade. Um dos times era o Inter, que vivia o auge com a parceria com a Ulbra. E o Adinho atrás de uma das goleiras, encostado na rede de proteção da quadra, e o juiz dá pênalti para o time porto-alegrense. A torcida da casa protesta, vaia, xinga, e o Possas é chamado para dar seu depoimento. “Sem dúvida, foi pênalti. O árbitro foi correto”, garante. Deu. A torcida da casa começa a berrar contra o repórter da Guaíba. “Seu vendido, foi pra Capital e virou isso aí”. “Filho de uma égua”. “Burro”, berram os torcedores. O Possas, esquentadinho por natureza, manda um sinal com o dedo médio para eles, e só piora a situação. “Não retiro uma palavra do que disse”, enche a voz no microfone da Guaíba. “Filho da puta, filho da puta”, berram seus conterrâneos. “Traidor”, berra um carinha, atrás dele, encostado à rede. O Possas não tem dúvidas, e mete uma voadora no incauto. Climão. O jogo termina com vitória colorada. O Possas no meio da quadra dando o depoimento final, quando vê o torcedor que sofreu a voadora se aproximar. O cara parece vir em paz, abrindo um sorriso. O Possas estica a mão direita para cumprimentar o conterrâneo, que desfere um direto de direita na boca do repórter, que desaba no chão. “Fui agredido”, berra ao microfone. A Brigada interfere, e o Possas sai escoltado do ginásio. E no dia seguinte aparece na redação do Correio do Povo, a boca inchada, como se tivesse aplicado botox. E fica uma semana sem poder falar, para nosso alívio.

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