sábado, 17 de agosto de 2013

"Zoado"

Definitivamente, apesar de meu tamanho e de ser negrão, e sim, muita gente se assusta com isso, não costumo meter medo nas pessoas. Volta e meia sou zoado por estranhos, seja na rua, no serviço ou em estabelecimentos comerciais. Mesmo que fique sério, tentando não rir, as pessoas não estão nem aí. Outro dia fui pegar o T-7, fazia um friozão, ventava e chovia. Subo no ônibus ali em frente ao shopping Praia de Belas e a cobradora olha pra mim, e debocha: “Tá com friozinho, hein?”. Anteontem, caminhando pela Rua da Praia, escutando meu metal pesado no Ipod, um velhinho me para, pede pra eu tirar o fone e fala: “Meu rapaz, estou escutando daqui esta tua pauleira. É como um anestésico na tua cabeça, né”, brinca ele. Nem me dou ao trabalho de responder. E então entro no elevador do prédio onde fica o escritório do meu advogado, o Joel. Dois garotinhos, de uns nove, dez anos, ficam me olhando, olhos arregalados. “O que foi?”, pergunto. “Bah, moço, o tamanho da tua testa...tu é muito cabeçudo”, diz um deles, e os dois se mijam de tanto rir. E por aí vai o bullying. Ninguém tem medo de que eu possa ficar brabo, que ameace alguém com porrada. Mas então no banco HSBC, onde tenho conta, a sacanagem foi maior. Renegociando uma dívida de um empréstimo que pedi há algum tempo, a gerente calcula daqui, digita dali, e conclui os cálculos. Vou ficar pagando até 2015. “2015?”, me assusto. “Sim, 2015. Mas seu Francisco, nem se preocupe, 2015 é logo ali. Quando chegar lá, o valor da prestação será uma migalha”, garante ela. “Puxa, são quase três anos”, constato. “Seu Francisco, pensa que se o senhor morrer, a dívida é automaticamente cancelada. Ou seja, não tem do que se preocupar com esta dívida”, sacaneia a gerente.

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