quarta-feira, 21 de agosto de 2013

“Faca”

Nesta quarta-feira de manhã bem cedinho irei pra faca, e pra quem não entende gírias oitentistas, passarei por uma cirurgia. Nada assustador, tireóide e amígdalas. Mesmo assim, estou meio assustado, né, afinal anestesia geral e o escambau. Orientação médica: jejum completo, ou seja, nem água posso tomar nas próximas horas. E depois algumas semanas de retiro completo, e a base de papinhas, sucos, iogurte e mingau. Como as últimas oito semanas têm sido praticamente na mesma base de alimentação, com a diferença que pude comer bergamotas e outras frutas, recebo uma ligação do hospital: Senhor Francisco, como o senhor passará as próximas semanas praticamente passando fome – não foi bem isso o que a moça disse, mas foi o que escutei -, antes de começar o jejum pré-cirurgia, por favor, está liberado para comer o que quiser. Aí lembro que a Olívia me disse na terça-feira à tarde: “Chico, como tu só vai ver comida sólida daqui a 15, 20 dias, vai pra casa e pede uma pizza e toma um vinho bem gostoso”. Parece que a mãe do Lourenço adivinhou. Aliás, adivinhou. “Posso comer uma pizza?”, pergunto pra secretária do médico. “O senhor deve comer uma pizza, e se puder comer uma sobremesa bem doce depois, por favor, fique à vontade”, me diz ela. Então tá, chego em casa, e peço uma pizza de calabresa e frango, com muito, muito queijo, e um bom vinho chileno. De sobremesa, um pudindinho. Como não estou mais acostumado com estas guloseimas, a sensação é de que vou estourar, e fico pensando, e não quero pensar: “não, não é a última refeição a que tem direito um condenado à injeção letal.” É só um pequeno interregno antes de voltar à vida normal, sem insônia, sobrepeso, apneia e outros probleminhas.

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