quinta-feira, 4 de julho de 2013

“A irmã - Final”

Passou uma semana, e no sábado à tarde, após eu sair do jornal, iríamos nos encontrar para discutir a mudança. Chego no restaurante combinado e nada da Julia. Ligo pro celular dela, e desligado. Espero uns 15 minutos e ligo de novo. Silêncio. E foi assim durante toda a tarde. No começo da noite, já desistindo, penso que a Julia deve ter se mandado sem mim, mesmo. Então a campainha de meu apê toca. Abro a porta. É ela, uma cara de tristeza. “Chico”. “Julia, onde tu andava? Passei a tarde tentando falar contigo”.”Eu estava pensando...” “E...” “Não quero mais me mudar contigo, nem casar contigo...” “Mas por quê?” “Chico, eu não confio em ti. Tu tem uma cara de safado. Eu sei que tu vai me trocar por outra mulher, vai me abandonar numa cidade estranha por uma mulher linda”, desabafa. “Tu está escutando o que tu está dizendo? Mulher linda? Tu já te viu no espelho? Tu tem noção da tua beleza, do que tu provoca nos carinhas?” “Ah, para, sou normal, nada de mais”. “Julia, tu é doidinha, né”. “Tu vai se cansar de mim. E gosto de pagode, e tu mesmo diz que detesta isso”. Tentei beijá-la, e ela tirou o rosto. “Não. Não faz isso”, pede. A Julia realmente não tinha noção da beleza dela. E se tinha, até se incomodava com aquilo. Tudo para a Julia sempre era fácil, e ela não queria aquilo. Então pede que eu largue tudo em Porto Alegre por ela. E eu topo. Viu, tudo muito fácil. Ao mesmo tempo, tinha medo de que eu me cansasse de sua beleza e sumisse ao dobrar a esquina para comprar cigarros. Mesmo que não fumasse. Acabei deixando-a ir, e não lutei por ela.

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