segunda-feira, 1 de julho de 2013

“A irmã Parte 3”

O relógio marca 9h quando o meu telefone toca. “Chico, estou na esquina da tua rua”. Desço em desabalada carreira os 11 andares do prédio em que moro, saio à rua bem na hora em que a Julia desce do táxi. Fazia frio, então ela vestia um casaco preto, os cabelos presos debaixo de uma boina igualmente preta, contrastando com sua pele bem alva e os lábios vermelhos. A Julia me dá um abraço forte, se erguendo para alcançar meus 1,90m, mesmo com seus sapatos de salto altíssimos. Subimos, pedimos a pizza, e abro um vinho. “Tem guaraná”, pergunta a guria. “Tenho”, respondo, estranhando. Busco o guaraná e alcanço para a guria, que mistura no vinho chileno. Quase tenho um treco. “Se eu não misturar, já viu, né? Me embebedo, e tu vai querer me agarrar”, brinca ela. “Imagina, eu querer te agarrar”. “Sei, Chico Izidro, tu já não acha que a Janice não me falou de tua fama”, sorri ela. PQP. “Vamos ouvir música?”, sugere a Julia. “Claro, o que tu quer ouvir?”. “Tem um pagodinho?”. Ih, fudeu de novo. A Julia começa a fuçar nos cds. “Só tem rock aqui”. Tá, chega de ser babão, penso. “Aqui em casa pagode é proibido”, afirmo. “Tu não vai me deixar sem ouvir um pagodinho”, faz beiço. Merda, merda, a guria é muito linda. “Só se você achar algo no rádio”, digo. Ela levanta, liga o rádio e sintoniza uma rádio de pagode. Aí me olha e solta os cabelos, balançando a cabeça como naqueles comerciais de xampu, revelando uma cabeleira longa, preta, sedutora. Minha nossa senhora. Sou obrigado a perdoar o vinho com guaraná e o pagode, que consigo abstrair. Chega a pizza. (continua)

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