quinta-feira, 25 de julho de 2013

"Casal"

Estou lá sentadinho em meu lugar preferido no restaurante ao lado do Tribunal de Justiça, na Praça da Matriz, comendo minha salada forçada da semana. Na mesa ao lado, um casal jovem, cerca de 30 anos. A guria, loirinha, olhos castanhos, olha apaixonada para o carinha, que tem em sua frente um prato transbordando de arroz, feijão e vários bifes. Ele come, bebe um guaraná, tudo de boca aberta. O prato dela tem saladinha, frango, arroz e feijão. E ela toda educadinha, tomando água mineral. Ai acaba e levanta para pegar mais comida, e o cara não perdoa. “Onde vai a gorda? Pegar mais comida? Não é a toa que está deste tamanho, enorme...” E a guria não tem nada de gorda. Deve ter uns 1,70m e uns 60, 63, 64 quilos no máximo. E fica vermelha. Pensa em desistir de voltar ao bufê. “Amor, tu acha?”, pergunta ao sei lá se namorado, noivo, marido. “Saudade do tempo que tu era magrinha, agora tá isso aí, estourando...” “Só vou pegar um pedacinho de peixe...” “Não sei como ainda te aguento, vai lá, come, gorda!”. A guria desiste e senta de novo. Ele termina a comida dele, levanta e vai buscar mais. Seu rosto some atrás do prato cheio. A loirinha fica ali, observando encantada o carinha, devorando o almoço. Não ousa comer mais. A barriga deve estar gemendo de fome. Ele pega um palito, põe na boca, e vai buscar a sobremesa. Não consigo parar de observar a dupla. “Amor, posso comer um pudim?”, pede ela. O cara faz um beiço, mas um beiço, que eu pensei que fosse bater na guria. “Tu não me escuta, né? Só pensa em comer, depois vai virar uma bola. E o que farei? Chutar a bola”. A guria sendo humilhada ali, mas conformada. Eu já terminei de comer, mas fico bebericando minha fanta laranja, para ver aonde vai terminar aquilo. Ela faz beicinho, pede: “Ah, só um pedacinho, deixa...” Silêncio. Ela pega o pudim, come e eles levantam. “Fulana (não consegui escutar o nome dela), tu paga, pois não trouxe meu cartão”. Ela paga, pega a mão dele, e saem do restaurante.

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