quarta-feira, 17 de julho de 2013

“Professores”

1985. Último ano do segundo grau no Colégio Paula Soares, no turno da noite. O professor Chico, meu xará, tinha uma matéria nada agradável para dar, Física. Mas seu jeitão alegre fazia com que a garotada se divertisse à beça. Ninguém faltava às aulas, mesmo que dois dos quatro períodos fossem ministrados na sexta-feira, antes do último período, que era a aula de História com a professora Aline, uma loirinha linda, dona de um sorriso envergonhado, sempre com calças deandê, aquelas zebradas preta e branca. Física e História, entre 20h e 22h45min, ou seja, prato cheio para a turma matar aula e se mandar pra praça na Fernando Machado beber vinho de garrafão e fumar um baseado. E não é que a galera não matava as aulas? Graças à empatia dos dois professores. E quando a aula do Chico terminava, ele ficava ali, fazendo hora com seus livros, até entrar a Aline. Ele levantava, cedia o lugar. Ela abaixava os olhos, ficava rubra de vergonha, e nos dez primeiros minutos, gaguejava sem parar. Uma dessas sextas-feira, o Chico espera ela chegar à porta, levanta, vai em direção à Aline e tromba com ela, fazendo com que o material dela caia no chão. Furtivamente, acha ele, coloca um pedaço de papel na mão dela, e sai correndo da sala. Quem não estava distraído, viu. A Aline senta, e ingenuamente abre o bilhete ali, em frente aos cerca de 25 alunos. E fica da cor da camisa do Bayern Munique. “Profe, o que tá escrito aí”, perguntamos, curiosos, mas sacando o que seria. O meu xará Chico havia se declarado, de uma forma antiga, mas estávamos em 1985. Na aula seguinte, ela entra na aula, ele sai. Eles se olham. A turma saca tudo, bate palmas. Sim, eles começam a namorar e antes do final do ano estão casados.

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