Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
domingo, 21 de julho de 2013
"Homem do Gato"
Vinhamos eu e o Possas pela Rua da Praia, quando algo atinge meu pé. Olho para baixo e vejo uma geleca grudada no meu tênis. Segundos depois, o famigerado "Homem do Gato" puxa a geleca, mia e dá uma gargalhada, que é seguida por umas 40 pessoas que assistiam sua performance em frente ao shopping. Não dou bola para a brincadeira, mas o Possas se enfurece e começa a xingar o comediante. "Tu é um vagabundo, não pode fazer isso com meu amigo", berra o baixinho. "Possas, deixa pra lá, é uma brincadeira", digo. O Homem do Gato, aquele carinha que fica socando um saco e fazendo o som de um bichano miando, e sua assistência olham admirados aquele louquinho berrando. "O que vocês estão olhando? Bando de vagabundos, desocupados", continua o Possas. Eu não acredito naquilo. O Homem do Gato resolve devolver as ofensas do Possas, mas de forma debochada. "Tu tá bem? Tu é feio assim mesmo ou está usando máscara?", provocou. "Me respeite, tu não sabe com quem estás falando. Sou uma pessoa muito importante, e posso mandar te prender", blefa o anãozinho. "Ui, que medo", responde o palhaço de rua. A galera se mijando de rir, muitos achando que aquilo era uma encenação. Eu vou saindo de mansinho e atravesso a rua, parando em frente ao Estúdio Cristal, no Correio do Povo. "Sou militar, de uma família importante de Pelotas. Exijo que tu pares", insiste. "Pessoal, explicado, ele é pelotense e feio, ui, ui, ui", debocha mais ainda o Homem do Gato. "Chega, tu vais apanhar", ameaça o Possas, levantando os punhos e indo em direção ao palhaço. Um metro de distância, ele para, olha pra trás e me vê do outro lado da rua, parado. E dá marcha à ré, sai correndo, e o Homem do Gato e o povão berrando: "Volta, volta, bunda mole, cagão". O Possas atravessa a rua. "Por que tu não me ajudou?", pergunta. "Mas ajudar no quê?" "Eu estava te defendendo". "Não, tu não estava me defendendo, tu é louco de pedra", encerro.
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