Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
sexta-feira, 19 de julho de 2013
“De roncos e maquiagem”
Inverno, chuva, frio, sábado a noite. E a Liana decide fazer uma jantinha na casa dela pra mim e o Luciano. A gente passa no Zaffari, compra os mantimentos, e claro, vinho e cerveja, muito vinho e cerveja. Três horas depois, alimentados, e com o vinho e a cerveja terminando, aliás, terminados, estamos os três estirados pela sala. Escutamos os clássicos dos anos 1980, e cada um falando de seus desastres amorosos novos e antigos. A Liana revira os armários e encontra um garrafa de uísque. Então vamos nessa, uísque, que é rapidamente finalizado. O Luciano sugere que busquemos mais cerveja na loja de conveniência do posto de gasolina, mas a chuva aperta lá fora. E não estamos muito em condições de caminhar umas três quadras. Cavoca daqui, cavoca dali, e a Liana acha tequila e absinto. Já não falamos mais nada com nada. E revelo: “Nunca tomei tequila e absinto na vida”. Bêbado é foda, já diz um antigo ditado. “Então hoje você vai perder a virgindade”, ri a Liana, servindo tequila pra mim. E eu emborco a bebida. O Luciano ri desvairado, enquanto tenta acender um cigarro, derruba o cigarro, pega o cigarro, acende o cigarro, quase se queima. A Liana toma um copo de tequila, passa outro pro Luciano, que quase faz porquinho. À esta altura dos acontecimentos, já estou falando de duas namoradas, com nomes começados em “S” que muito me marcaram, e quase chorando. A Liana chora comigo e acaba a tequila. Sobra o absinto. Será? Bem, quem está na chuva é para se molhar. A Liana serve o absinto, eu tomo o primeiro gole e...desmaio. Caio direto no chão da sala, apagado. Ainda dá para ver a Liana colocando uma coberta por cima de mim. E a escuridão é completa. Um tempo depois, não sei se minutos, horas, dias, o Luciano me sacode. “Chico, Chico, para de roncar, a Liana não consegue dormir”. “Tá bom, tá bom”, balbucio, me virando de lado. Apago de novo. E lá vem o Luciano me sacudir. “Chico, tu tá roncando mais ainda. A Liana tá desesperada”, informa. “Tá bom, tá bom”, digo. Durmo de novo. E sem noção de horas, acordo sendo sacudido novamente. “Porra, Luciano, deixa eu dormir”, pego. “Chico, tu que não consegue deixar a gente dormir. O apartamento todo está tremendo. A Liana pediu pra tu ir embora”, avisa. Lá fora continua a chuva, mas já é de manhã. “Tá chovendo”, digo. “Chico, vai embora”, berra a Liana do quarto. “Eu não consigo dormir”, fala ela. “Tá bom”, concordo, levantando e vendo tudo girar. A cabeça parece que vai explodir. O cérebro parece estar solto. Coloco os tênis e saio na chuva. Como estou na Cavalhada, decido ir caminhando até o Cristal na chuva. No meio do caminho aparece um ônibus. Embarco nele. Chego em casa e vou direto pra cama. Acordo à uma da tarde, me sentindo renovado. Vou ao banheiro fazer a barba e tomar banho. E me olho no espelho. A Liana e o Luciano maquiaram o meu rosto. Batom, lápis nos olhos, rímel, blush. “Filhos da puta...”
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