Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
"Trauma"
Unisinos, 1990. Lá estou eu sentadinho no meu lugar na aula de jornalismo do Odon Rodrigues, quando entra um aluno novo na sala. E o pior. Conheço ele de outras paragens, e não são boas lembranças. O carinha foi meu
colega no Colégio Paula Soares, e era da turma dos marginais, e costumava praticar bullying comigo e outros nerds fracotes lá pela quarta, quinta séries. Sim, um dia fui fracote, quatro olhos e completamente medroso. Perfil perfeito para ter lanche, material escolar, dinheiro e outros objetos roubados, além de levar surras no recreio ou na saída da aula. Pois bem, o tal carinha senta na cadeira ao lado da minha, e eu me cago todo. O nome dele é Rogério, e ele fica me olhando de canto de olho. Me reconheceu, e eu me apavoro, mesmo que tenha crescido uns 40 centímetros, ter ganhado uns quilos a mais, à época músculos e não gordura, e não usar mais óculos. Será que vou apanhar ali mesmo, ser aliviado de algum material universitário? "Cara", diz ele, tocando no meu ombro. Eu me encolho em meu lugar. "Cara", repete o Rogério. "Eu te conheço", afirma ele. "Não, não sei quem tu é", garanto. "Bah, tu estudou no Paula Soares, né?!". Nego. "O teu nome, o teu nome....", diz ele, tentando lembrar. Eu
quieto, com medo. "Lembrei, tu é o Izidro". Deu, tô morto. "Cara, que legal, somos agora colegas de jornalismo", vibra ele. Eu não acho legal. Demonstro isso com uma careta. "Cara, o que tá acontecendo?" Perco a paciência. "Porra, véio, não vou com a tua cara. Tu é um baita filho da puta". O carinha estranha, se assusta com minha reação. "O que eu fiz?". Acabo contando os suplícios que passei no colégio, anos antes, nas mãos da turma da Bronze, da turma da Matriz...e passo a evitar o Rogério, até que somos obrigados a fazer um trabalho juntos. E o cara acaba se tornando grande amigo meu. Afinal, são outros tempos, e a gente não era mais piá. Agora faz um tempo que não vejo o Grilo, figura carimbada no Zelig, e também amigo do Pedro Dreher e do Rodrigo Vizzotto. Ô mundinho pequeno.
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