Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
domingo, 14 de julho de 2013
“Piercing”
Estou no elevador, e noto que uma senhora fica me observando. Parece admirada. Mesmo com minha timidez galopante, falo com ela. “Não sou nada bonito para a senhora ficar assim, me olhando”, digo. “Meu filho, estou aqui olhando este piercing no teu nariz”, responde ela. “E...” “Como tu pode usar isso? Não doeu?”, pergunta ela. “Um pouco”. “Não entendo vocês. Colocar um troço desses, sentir dor. E como deixam tu trabalhar assim?”. “Minha senhora, doeu uns cinco segundos quando coloquei. E estamos no século XXI. Eu acho muito legal”, garanto. “Ah, eu estou numa batalha pois meu filho e minha filha querem usar piercing, e eu tenho até ameaçado eles”, jura a senhorinha. “Mas por quê? Deixa eles serem felizes”, peço. O elevador chega ao térreo e ela me pega pelo braço: “A minha filha, se eu deixar colocar o piercing, o próximo passo será pintar o cabelo de verde ou vermelho. E não posso deixar isso acontecer”, garante. “Minha senhora, se a sua filha pintar o cabelo e colocar piercing, eu caso com ela”, provoco. “Tá bom, não posso contar contigo para tentar convencer minha filha do contrário, né?”, fica braba. Eu nem sei quem é a filha dela, nada. Nunca a vi na vida. E saio dali antes que ela me bata com o guarda-chuva na cabeça.
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