quinta-feira, 18 de abril de 2013

No escurinho do cinema

Assistir Caligula no Lido foi uma experiência incrível, mas não era um pornô total. A gurizada queria porque queria ver um filme sem história. E num sábado à noite, um bando de 10 adolescentes se dirigiu para o famoso e famigerado cinema Carlos Gomes, lá na Vigário José Inácio, numa das piores e má afamadas regiões do Centro. Ao chegar no caixa, tem uma senhora que parece ter saído de um filme de Fellini, gorda, fumando, atendendo. Ela olha aqueles pirralhos, caras limpas, e tremendo. “Sim?”. “Quanto é o ingresso?”. Nem recordo o valor e muito menos a moeda da época, anos 1980, deveria ser cruzeiro. “Tem algum menor no grupo?”. Todos éramos menores, um tinha só 12 anos. Mentimos. “Não”. Ela nos vende o ingresso, e entramos numa sala fétida, quente. Sentamos quase lá na frente, achando a maior graça naquela aventura. As luzes se apagam e começa o filme. Sem história, que era o que desejávamos ver. De repente, um dos guris berra um “filho da puta”, e quando olhamos pro lado, um tiozinho tinha sentado do lado dele, e havia colocado a mão na perna de meu amigo, que pulou, berrou e saiu. Fomos atrás, e deu para ver, já acostumados com a escuridão, umas caras de tiozinhos que não gostaríamos de cruzar à noite na Redenção ou em qualquer lugar. Logo depois, alguém comprou um vídeo-cassete e resolveu o problema de se ver filme pornô em casa...

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