quinta-feira, 18 de abril de 2013

O pedinte

Eu tinha um amigo que não podia ver comida que atacava. O guri almoçava na casa dele, depois se dirigia para a casa dos amigos, sempre na hora em que sabia iria encontrar as pessoas comendo. Era um esfomeado o Marco Antônio. Pois um dia fomos jogar futsal no Colégio das Dores, e depois da partida, corremos para o Bob’s, ali na Rua da Praia, época em que ainda não havia o McDonald’s. Pedimos o “big mac” do Bob’s, refri, batata frita, e enquanto analisamos a partida, vamos devorando aquela delícia de comida – que hoje eu acho horrível. Na mesa ao lado, um carinha de terno e gravata, e lendo um jornal. Ele não comeu todo o lanche, e os restos estavam ali, na mesa. O Marco Antônio se inclina em direção ao carinha, e pergunta, na maior inocência: “Moço, o senhor vai comer o resto?”. Então pressentimos a nojeira que viria a seguir. “Não”, responde o engravatado. "Posso pegar para mim?”. O cara não diz nem sim, nem não, pois como a gente, e éramos uns seis à mesa, não acreditamos no que está acontecendo. Antes que saia uma resposta, o Marco Antônio pega o resto do sanduíche, do refri, e devora, feliz da vida...Por muito tempo, deixamos o mendigo fora de nossas incursões futebolísticas e gastronômicas....

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