segunda-feira, 15 de abril de 2013

O fanático

Nunca me dei bem com fanáticos religiosos. Aliás, com qualquer tipo de fanático. Há alguns anos, na comemoração de um Ano Novo, dividindo o teto e os lençóis, ou seja, morando junto com uma namorada, apaixonadíssimo, comprei presentes para todos os familiares meus e dela. Bem, chego num tio de que gostava muito, um dos preferidos entre os nove irmãos de minha mãe, e entrego o presente dele. “Não quero”, diz ele. “Mas tio, pega, não me custou nada”, preocupado com o fato de repente ele estar achando eu ter gastado muito, já que naquele momento tinha outras prioridades. Ledo engano. “Pega tuas coisas e sai daqui”, fala meu tio. Continuo sem entender e pergunto o que houve. “Eu não aceito o modo pecaminoso com que você vive com esta menina”, revela ele. Minha reação é ficar olhando, pasmo para ele, que se converteu evangélico após durante anos beber, fumar, cheirar, trair a esposa, abandonar os filhos. Minha resposta: “Vai tomar no teu cu”, digo, perdendo a compostura, me virando e desde então, nunca mais ter trocado um bom dia com aquele hipócrita.

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