quinta-feira, 18 de abril de 2013

Ver um pornô

Nos anos 1980 ver um pornô não era como hoje, ao alcance de um clique no computador. Então a gurizada ficava imaginando como seriam aqueles filmes de mulheres sedentas por sexo. Havia um grupo de guris, imberbes, que se reuniam para almoçar uma vez por semana em algum restaurante “coma tudo o que conseguir por apenas tantos pilas” ali pelo Centro de Porto Alegre. Um dia, levei o pai. E estamos lá, disputando quem come mais vezes, quando um dos guris comenta ter sido barrado num cinema pornô. Me apavoro, pois o pai era todo religioso, ministro da Igreja Católica. Ele olha pro meu amigo, e pergunta: “Tá aí gurizada, acabem de comer, e vamos ao cinema ver um pornô”. Ninguém acreditou na promessa. Mas ela foi concretizada. Saimos às pressas do restaurante e nos dirigimos ao Cinema Lido, ali quase no final do viaduto da Borges de Medeiros. E com a presença de um adulto, conseguimos entrar, nem pediram identidade. O filme: Caligula, de Tinto Brass. Ora, um semi-pornô, mas já saciou a curiosidade de piás que só tinham tido acesso a revistinhas do Zéfiro ou suecas. Eu pergunto: e hoje, o que aconteceria se um adulto leva um bando de adolescentes prum cinema pornô, sem maldade, só para a gurizada saciar a curiosidade? Pedofilia seria pouco.

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