quarta-feira, 24 de abril de 2013

Opinião

Sentadinho em minha poltrona no ônibus, esperando começar a viagem de volta a Porto Alegre, 12 horas...e claro, não querendo ninguém do meu lado, afinal, devido ao meu tamanho, necessito de todo o espaço possível. E eis que aparece uma morenaça, e ela vem vindo. Aí penso, “senta do meu lado, senta do meu lado”, mas aí penso no aperto, “não senta aqui, não senta aqui”. E ela senta do meu lado, e a viagem começa. Estou lendo meu livrinho, e ela pega o celular e começa a falar com a mãe, depois o filho. “Mamãe te ama, mamãe tá indo pra casa”, diz ela. Em seguida, faz uma ligação, e começa a conversar com uma amiga. Duas horas depois, ela continua falando, sem parar. “Cinco anos, cinco anos eu perdi com ele”, lamenta a morena. E a ligação cai. Finalmente um pouco de silêncio. Não satisfeita, ela começa a mandar mensagens de sms. E a resposta vem rápida. “Vou me incomodar com este cara”, bufa ela. Manda outra mensagem. Vem a resposta. “Não acredito, por que ele faz isto?”, diz ela, batendo no meu braço. Eu olho pra ela, e a guria lamenta sobre o cara problemático. Aí sinto o perigo, ela quer desabafar e ouvir minha opinião. “O que eu faço?”. Eu só penso, “não vou me meter, não vou opinar, não sei de nada”, fugindo aos meus instintos de dar palpite em tudo. Rapidamente, pego meu ipod, me faço de sonso, ligo o som bem alto, e enfio ainda mais a cara no livro. Ela desce em Sombrio. Ufa.

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