Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
terça-feira, 25 de junho de 2013
“A Recepcionista”
Certa vez me encantei com uma recepcionista do Tribunal de Justiça, a Renata, uma loira de olhos azuis e corpo violão. E quem não, né? Ela ficava lá na entrada, atrás de uma máquina de escrever, séria quando necessário. Rindo quando tranquila. Com minha tradicional timidez, eu passava, batia o ponto, dava uma olhadela de desejo, e me mandava para pegar o elevador. Mas sempre que podia, dava um jeito de passar pela portaria para admirar aquela belezura. Até o dia em que passei, e ela me deu oi. Parei. Era comigo, perguntei, levando as mãos ao peito, como se duvidando? “Sim. Tu passa aqui, bate o ponto, e nem para dar bom dia ou boa noite”. Eu não iria dizer que o medo de me aproximar fazia eu me afastar. Dei oi, e tratei de seguir meu caminho, porém pensando, oba, ela abriu uma porta. No dia seguinte, ao chegar no TJ respirei fundo, encostei no balcão, e desatei a falar com a Renata. Dali em diante, afastado o medo, aparecia umas quatro, cinco vezes durante o expediente para conversar com ela. E cruzei a linha da chatice. Queria sair com ela, e a convidava incessantemente. A Renata dizia não, voltava a dizer não. E eu achando que “ah, quando a mulher diz não, quer dizer sim”. Só que o não é não mesmo. Passei a fase dos presentes. E a guria não podia mais me ver, nem pintado de ouro. Até que certa tarde, encostei no balcão, todo galanteador, mão no queixo. “Então, vamos sair na sexta à noite?”. Eu havia perdido o medo, que nem me importava de cantá-la na frente dos colegas dela. A Renata então levanta, vem na minha direção, e...”Vou te dizer só uma vez: ME ESQUECE!”. “Mas...”. “Não tem mais, será que você não notou que não irei sair contigo nem hoje, nem amanhã, nem nunca! Para de me convidar, para de falar comigo, para de me mandar presentes. Eu não te suporto. Tu é MUITO CHATO!”, finalizou a Renata, acabando com minha auto-estima, fazendo voltar minha timidez, que eu tanto trabalhara para perder, fazendo eu voltar a ter medo das mulheres, fazendo voltar minha gagueira...Fiquei ali parado, rindo nervoso, ajeitei a gravata, os colegas da recepção fizeram um gesto com o ombro, do tipo fazer o quê. Então coloquei meu rabo entre as pernas e saí de mansinho.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário