Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
terça-feira, 18 de junho de 2013
“Aliança”
Conheci a Naiana tentando pegar o lotação numa manhã de engarrafamento. Após mais de 40 minutos mofando na parada, conseguimos pegar a condução. Aliviados, trocamos um sorriso, e sentamos próximos. “Ufa, finalmente”, disse ela. “É mesmo, o trânsito está horrível”, completo. Aí silêncio até o lotação se aproximar do Centro. Me viro e me apresento. “Me chamo Chico”, estendo a mão. Ela faz o mesmo. “Sou a Naiana”, fala a morena, fofinha, de olhos verdes, 20 e poucos anos. “Tu faz o quê?”, ela pergunta. “Sou jornalista. Trabalho no Correio do Povo”. “Bah, que legal. Eu sou estudante de turismo, e trabalho no hotel XXX.” A conversa tem de ser acelerada, porque estamos quase no final da linha. Acabamos trocando telefones. E no dia seguinte, ela me liga. “Oi, é a Naiana, tudo bom?” “Oi, tudo”. “A gente poderia combinar um café. Trabalho perto do teu serviço. Que tal?” Que tal? Ótimo ser convidado por uma gata. Combinamos de nos encontrar no McDonald’s, no meio da tarde. Entra um torpedo. “Cheguei antes. Estou te esperando no segundo andar”. Me encaminho pra lanchonete. Subo as escadas e a vejo, sentadinha. Vou me aproximando, sorrio, ela retribui, as mãos cruzadas sobre a mesa, quando vejo. A Naiana nota... e tenta esconder as mãos. “Tu é casada?” Silêncio. “Me desculpe, mas tu é casada. Tou fora”, digo, dando meia volta e me dirigindo pra escada. “Não, por favor, não vai. Fica”, pede. “Bah, não dá”. “Por favor”, repete a morena. Volto. A Naiana pede para que eu sente. Sento. “As coisas não estão bem. E eu adorei te conhecer”, garante a guria, pegando minhas mãos, e começando a contar a sua história. (continua)
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