sexta-feira, 14 de junho de 2013

"Pé de Porco"

Assistindo estes protestos nas ruas contra o aumento das passagens, recordo de uma vez em 1982. Sai da aula no Paula Soares junto com a Rosane e o Alexandre e nos dirigimos à Praça da Matriz. A turma se reunia sempre lá para bater papo, namoricos, jogar bola, trocar figurinhas. No meio do caminho deparamos com um grupo de manifestantes em frente à Assembleia Legislativa, com bandeiras do PT, do PCB...ainda vivíamos na ditadura militar, que dava seus últimos suspiros, e pelo que recordo, o protesto era pela liberação dos partidos de esquerda nas eleições daquele ano. O pessoal gritava palavras de ordem, gritava PT, PT, PT...a gente para ali ao lado deles, e perto os brigadianos só observando. E o que o débil mental faz? Abafado pelos gritos, eu solto uns “pé de porco, pé de porco”. A gente se mija rindo, achando que os brigadianos não escutaram as ofensas. Mas eles escutaram, e segundos depois, vejo o Alexandre e a Rosane dispararem tal qual Usain Bolt em direção à praça. Uê, onde eles vão, penso. Nesse instante, sou cercado por uns cinco ou seis brigadianos, e um deles pergunta: “O que tu falou, guri?”. “Nada, nada”, minto, já apavorado. “Ele nos chamou de pé de porco”, diz um outro. E talvez não exista ofensa maior para eles. “Vaza daqui”, ordena o que parece ser o chefe, ao ver alguns manifestantes se aproximarem e pedirem para me largar. Mas não saio ileso. Quando vou me afastando do círculo, um deles me acerta os testículos com o cassetete. PQP. Aquilo doeu muito. Saio correndo em direção à praça, onde a turma não ri, pelo contrário, todo mundo com os olhos arregalados, de medo dos guardinhas.

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