sexta-feira, 7 de junho de 2013

“Vingança”

Prova de ciências na sexta série lá no Paula Soares, e a Renata com o livro embaixo da carteira, aberto, colando as respostas. E a prova estava mesmo difícil, aplicada por uma professora que nunca foi muito popular entre os alunos, a Melda. Então a Márcia, que era uma gordinha muito CDF, mas não por isso que não era popular, quebrou a ética entre os alunos. “Professora”, chamou ela, levantando a mão direita, sinal de quem queria ter a atenção. “Sim, Márcia”, disse a Melda. “A Renata tá colando. O livro dela tá aberto...”. Nossa, a Renata tentou fechar o livro, a turma ficou em polvorosa, abismada com a atitude da dedo-duro. A professora veio lá da frente, puxou a Renata pelo braço, pegou o livro, e a levou direto pra Margareta na diretoria. A Margareta era mais ou menos como o Hitler para os judeus na Alemanha nazista, o terror em pessoa. A Melda voltou sozinha, e elogiou a atitude da Márcia. “Muito bem, a honestidade é tudo”, disse ela para a guria, que virou persona non-grata para a turma. E ela pagaria caro por isso. Além de virar uma pária social, não que já não fosse, pois tinha uns quilos a mais, ainda era não-confiável. E semanas depois, aula de matemática, e a Janete, uma das amigas da Renata, que pegara um dias de suspensão, notou uma poça no chão, embaixo da cadeira da Márcia. Levantou e foi até lá. Ao chegar do lado da Márcia, notou que algo pingava...”Pessoal, a Márcia se mijou toda”, alardeou. Sim, a Márcia havia urinado na calça. Com vergonha de pedir pra sair da aula, ela piorou a situação. O xixi escorria entre as suas pernas. Todo mundo, sim, todo mundo começou a rir, menos a professora, claro. E as gurias mais sacanas apontavam o dedo pra ela. “Mijona, mijona. Márcia mijona”. Os efeitos foram devastadores para a Márcia, que sumiu do colégio por algumas semanas, e a Renata. As duas acabaram rodando de ano.

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