segunda-feira, 10 de junho de 2013

“Maverick”

Estava trabalhando no Correio do Povo há pouco tempo, e ainda totalmente inseguro. Uma tarde chego na redação, pego a pauta e a liquido em menos de uma hora. O que fazer nas próximas horas? À época não havia internet, sim, sou pré-internet. Leio um jornal, folheio umas revistas e nada de o tempo passar. Olho pro cinema Imperial, que ainda resistia, veja bem, estávamos em 1995. Ah, vou dar uma escapada da redação, deixo a jaqueta na cadeira e atravesso a rua para assistir Maverick, com Mel Gibson e Jodie Foster. Quando entro na sala, o filme já começou e tenho dificuldades para me encontrar naquele breu. Ufa, acho um lugarzinho e sento para ver o faroeste...duas horas depois, Maverick termina e começam a subir os créditos. A luz do cinema é acessa, e ao olhar para o lado, quem vejo? Um editor do Correio do Povo sentado, com as mãos no queixo, matando serviço. O cara olha pro lado também e me vê. E agora? Bem, eu era um mero repórter. Iria me incomodar. E o que o editor faz: “Guri, tu não me viu e eu não te vi, e ficamos assim, ok”. Não seria eu que iria discordar. “Você primeiro”, diz ele. Entendo o recado. Deixo a sala e ele permanece sentado. Volto pro jornal, e dez minutos depois, o editor entra, segurando um copo de café, senta na editoria dele, e segue o baile.

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