Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
"Parede"
A dona Irene é a mãe de um amigo meu de escola, o Carlos Alberto. E uma vez fui na casa dele fazer um trabalho escolar, e ela preparou um cafezão pra gente. Tímido e com aquela ordem de minha mãe na cabeça: “Nunca aceite nada na casa dos outros”, recusei. Para quê? A dona Irene ficou num misto de tristeza e indignação, parando de falar comigo em todas as outras vezes que apareci por lá. O Carlos, notando o meu desconforto e o silêncio da mãe dele, resolveu checar para ver o que havia acontecido. A dona Irene revelou pra ele sua mágoa, e ele me contou. “Tá bom”, disse eu, passando a aceitar os cafés, bolos, pães caseiros que ela orgulhosamente punha a mesa. E quase perdi o privilégio, quando um dos gatos da dona Irene decidiu pegar no meu pé. Eu chegava lá, ficava escutando Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin com a Eliane e o Julinho, irmãos do Carlos, enquanto esperávamos o café. E o gato me olhava, olhava. E um dia decidiu agir. A dona Irene vinha da cozinha com a bandeja carregada de bolos e um café fumegante, quando o bichano me olha e salta no meu colo, cravando as unhas nas minhas pernas, que mesmo protegidas pela calça jeans, ficaram arranhadas. Na mesma hora, eu pego o bicho pelo pescoço, grito NÃO, e o jogo na parede, bem no momento em que a dona Irene passava, não sendo atingida por milímetros. O gato bate na parede, escorrega pro chão, miando e sai correndo porta afora A dona Irene me olha, os olhos se enchem de lágrimas...”Me desculpe, me desculpe”, peço repetidamente, sem sucesso, enquanto penso numa forma de me matar. Sou obrigado a me retirar. Seria perdoado uma semana depois, mas sempre que o gato chegava perto, eu dizia: “Não vemmmmmmmmmmm”, para delírio do pessoal da casa.
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