“A puta”
Eu tinha uma namoradinha dois anos mais velha do que eu, que já estava fazendo cursinho, lá no Universitário. Eu saia do Paula Soares quando estudava à noite e ia buscá-la lá na Dr. Flores. A gente ainda não havia transado, nós dois éramos virgens. E o que acontece? Um dia não tive os dois últimos períodos, sai mais cedo do colégio e fiquei dando voltas pelo Centro, até a hora de encontrar com ela. Naquele tempo não existia celular, então o jeito era ficar num ou outro lugar esperando por horas. Aí passo numa rua e vejo uma baita loira fazendo ponto. Fico babando, mas não me atrevo a chegar perto. Às 22h30min encontro minha namorada e a levo pra casa. Já em casa, a loira não sai da minha cabeça. No dia seguinte, mato os dois últimos períodos só para ver se encontro a puta fazendo a ronda dela. E lá está ela. Respiro fundo, aperto as mãos e chego perto. “Oi”, digo. “Oi”, responde ela. “Quanto é?”, pergunto. Ela me diz o preço, que não recordo, ainda mais depois de tantas trocas de moeda. Sei que não tinha a grana, mas isto vira o projeto após receber meu salário no Juizado de Menores. E no final do mês, volto lá, antes de encontrar a minha garota. Naquele dia não tinha aula. A puta me leva prum hotelzinho fuleiro ali no Centro, eu pago o quarto e a parte dela, e vamos pro quarto. Hoje em dia eu nem passaria perto de tal pocilga, mas na época, guri, aventureiro...a puta ainda quer conversar e eu querendo ir pros finalmente. Tudo nela era superlativo, os peitos, a bunda, as coxas, os cabelos amarelos, a boca, os olhos...ela pergunta até se tenho namorada, se transo com ela. “Não, não transo, aliás, sou virgem”, confesso. “Mas tu namora uma santa?”. “Não, mas a gente ainda está naquelas...”, digo. “Tudo bem, relaxa”, manda ela, colocando a camisinha em mim, e ficando de quatro. A guria não finge nada, não geme, só fica pedindo pra mim gozar de uma vez. E aí eu não consigo esporrar. O tempo vai passando, eu ali, feliz da vida. “Carinha, o tempo está esgotando, se tu não gozar, ou paga o dobro, ou a gente encerra”, que motivador. Acabo não gozando e me nego a pagar mais. Não foi muito legal, mas saciei a curiosidade. Vinte minutos depois, estou em frente ao Universitário esperando a minha namorada. Quando ela chega, pergunta: “Chiquinho, esperou muito? O que tu fez hoje?”, pergunta. “Ah, eu estava ali no cinema vendo Amadeus”, minto. Ela quis saber como era o filme, eu desconversei, e no dia seguinte eu matei o serviço à tarde para ver o filme com o Tom Hulce, e poder contar para ela. A puta foi o Salieri de minha primeira namorada.
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