Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
"O silêncio"
Na oitava série, lá no Paula Soares, tive uma puta de uma vontade de conhecer uma menina, a Simone NB, que era da turma 801. Pois bem, todos os dias preparava o discurso, ficava esperando ela passar pela Praça da Matriz. Aí eu corria atrás dela, e ficava cerca de dois metros atrás, mas não conseguia nem dar oi. A gente entrava no colégio, ela ia pra sala dela e eu pra minha, a 803. E o tempo foi passando. Acabou o ano, começou 1984. E eu sempre encontrando com ela pelas ruas, e nada de falar. Anos depois, fui trabalhar no Tribunal de Justiça, no quinto andar, e quem estava trabalhando no segundo? A Simone. Pegávamos o mesmo elevador, almoçávamos e lanchávamos no mesmo restaurante, no sétimo andar. E o silêncio imutável. Aí descubro que a Christine, que trabalhava na sala ao lado da minha, era irmã da Simone, mas nada de nada. Eu só ficava imaginando como seria a voz dela, se seria uma guria legal. A Christine era. Os anos passaram, casei, e um dia estou num restaurante na Cidade Baixa com minha companheira. E na mesa ao lado quem eu vejo? A Simone, com uns amigos. E o que acontece? A minha guria vai ao banheiro, e na mesa ao lado, os amigos da Simone saem para fumar. Ela olha para mim, dá um sorriso tipo, lembrei de você, e puxa, fomos abandonados. O meu coração bate mais forte. Preciso falar com ela, mas não o faço, pois minha ex era muito, muito ciumenta. O que aconteceria se me visse batendo um papo com a minha ex-colega de colégio e de TJ? Baixo a cabeça e deixo estar. Isso foi em 1998. No ano seguinte, abro o jornal e fico muito, muito desolado. Vejo o aviso de missa de um ano de falecimento da...Simone NB. Chorei muito naquela hora. E ali decidi que sempre que tivesse vontade de falar com alguém, eu o faria, mesmo que a minha timidez seja um grande empecilho. Não importa se eu seja maltratado, ou bem recebido. Até hoje e para sempre restará esta dúvida comigo: como seria a Simone? Uma guria legal ou uma chata, eu teria falado com ela e perdido o interesse, ou seria a mulher da minha vida, ou uma grande amiga? Nunca saberei. É isso é triste.
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