sexta-feira, 31 de maio de 2013

"As coxas"

Indico uma namorada para trabalhar na redação da Rádio Guaíba, mas para evitar comentários desnecessários dos colegas, a gente combina de não revelar que somos um casal. A guria entra no mesmo turno em que estou, e a gente nem se fala. Esperamos acabar o serviço, e se encontra na Casa de Cultura pra trocar uns beijos e amassos, antes que eu volte pro turno no Correio do Povo. À época, as meninas usavam aqueles vestidinhos pretos, que mal chegavam nos joelhos, acho que chamavam de tubinho, e ela tinha umas coxas deliciosas. Aí o que acontece? Estou no corredor da rádio tomando um café, quando o Ricardo Vidarte, então repórter do esporte, me pega pelo braço. “Tu já viu a gostosa que tá trabalhando ali no jornalismo?”, pergunta ele. “Não, cara”, respondo. “Então vem cá”, manda ele, me puxando. A gente chega na sala, ele aponta discretamente a minha namorada, e sussurra baixinho no meu ouvido. “Olha só, que coxas, que bunda, eu até batia uma punheta praquela gostosa”, diz. Não poderia perder aquele momento. “Vidarte, o quê?”, peço pra ele repetir. E ele repete. “Vidarte, aquela guria é a minha namorada”. O Vidarte, ao invés de ficar constrangido, só diz: “Cara, me desculpe, mas parabéns”, antes de se mandar. Quando conto a história pra minha namorada, ela fica furiosa. “Como assim, o cara fala isso e tu não faz nada?”. “Amor, ele te elogiou. Pior se ele chega e me pergunta quem é aquele dragão...fiquei orgulhoso”, analiso, para ver a guria ficar de beiço por uns dois dias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário