sexta-feira, 31 de maio de 2013

“Toc”

Todo mundo tem algum tipo de toc, todo mundo. Mesmo que seja mínimo. Fica nervoso ao ver um armário aberto, não sossega enquanto não tira aquele fio de cabelo no ombro do casaco de alguém, olha mil vezes se desligou o gás ou apagou a luz, lava a mão mil vezes por dia. Então lá estou eu, sentado na redação, plantãozinho, a Folha de S. Paulo de domingo do meu lado, intocada. Então um colega chega do nada, pega o jornal, separa a Ilustríssima, e diz que já me devolve...não tenho tempo de dizer não. E quase tenho um ataque cardíaco, pois não gosto de pegar jornal e revistas folheados, a menos que EU tenha folheado eles. Só deixo passar porque é um colega querido, e fico com vergonha de revelar meu toc. O colega se afasta, senta no lugar dele e fica folheando o jornal, e eu ali, bisoiando, torcendo para que a FSP não seja amassada. Dez minutos depois, o colega devolve o caderno, e o pego nervoso, torcendo para estarem pelo menos com as folhas alinhadas. Em vão, para aumentar minha taquicardia, e descartar o jornal sem ler. Cada um com suas manias. Como os que têm mania de dar palpite em tudo na vida dos outros.

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