Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
terça-feira, 14 de maio de 2013
“Grilo”
Outro dia contei a história em que era vítima de bullying do Kevin, que nunca mais vi na vida. Pois tinha outro carinha que tinha minha ampla antipatia no Paula Soares. O Rogério e seus tênis Adidas branco e azul e zombando do meu kichute ou da minha conga e de meus óculos fundos de garrafa. O cara fazia parte da Turma da Matriz e era um marginal, que eu considerava quase do mesmo naipe do Micuím, do Bolívar e do Cigano Igor, que também passaram pelo Paula Soares na mesma época. Eu via o Rogério se aproximar e me cagava todo, sabia que viria sacanagem ali. Pois o tempo passou, saí do colégio e fui pra Unisinos estudar jornalismo. E numa bela noite lá estou eu na sala de aula, não recordo qual matéria, e entra um colega novo. Reconheci na hora, 10 anos depois, o demônio em pessoa. Tremi, voltei aos meus 10 anos de idade, quando me sentia frágil, indefeso. E onde senta o carinha? Ao meu lado. Como uma avestruz, escondo a cara no caderno. O cara olha pro lado, me observa, e fala. “Cara, eu te conheço, né?”. Não, não, não...nego. “Tu não me é estranho”, continua ele. “Estudou no Paula Soares, né?”, vai chegando perto. Quente, quente. Nego. “Tu é o Izidro, não tem outro igual”, insiste o Rogério. PQP, que cara chato, Nego mais uma vez. E o professor faz a chamada e não tenho como fugir mais. “Eu sabia, eu sabia, tu é o Izidro, e aí, carinha, como tu está?”. “Cara, não fala comigo”, respondo. “Mas o que houve?”, questiona o Rogério. “Porra, tu é um baita filho da puta, cara, eu não te suporto”. Ele se assusta, deixa a aula rolar e no fim dela vem falar comigo de novo. O cara é insistente. Eu cedo e explico os meus traumas de guri. E digo para ele não me incomodar mais. O semestre vai rolando e aos poucos eu e um de meus carrascos vamos nos entendendo, e eu vejo que o cara mudou, e acaba virando um grande amigo. E como o mundo é pequeno, descubro ser o Grilo amigo do Pedro Dreher, do Rodrigo Vizzotto, do Jaldíson Boca, também grandes amigos meus.
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