terça-feira, 21 de maio de 2013

“O médico”

Estou na fila do banco, quando um velhinho passa na minha frente, afinal ele tem a preferência. Ele começa a conversar com o caixa, e eu lembro dele, era o médico de minha mãe há muito tempo. “Dr. Roberto, né?”, pergunto. “Sim”, responde o senhorinho. “Não vai lembrar de mim, mas sou o filho da Flora”, me apresento. Ele olha, olha, e...”tu é o Chiquinho?”. Faço sim com a cabeça. “De Chiquinho tu não tem mais nada”, afirma o Dr. Roberto. “Pô, guri, como tá a tua mãe?”. “Bem, bem”. “Estou espantado, guri, o teu tamanho, fico pensando na Florinha, pequenininha...”, diz ele, começando a falar baixo. “Vem cá, tua mãe deve ter sofrido muito para te dar a luz. Tu deflorou a Flora no teu nascimento”, brinca ele. “Agora, raciocina comigo, guri, quando uma mulher dá a luz a um bebê grandão , quatro, cinco quilos, sofre, geme, xinga, mas segundos depois, pensa, ah, quero ter mais uns dois”, vai analisando. “Aí penso, tu tá lá querendo transar com tua namorada, mulher, e ela reclama quando tu enfia o pauzinho nela, o que elas fazem? Ah. Para, tá doendo, tá doendo...”, continua. “Não entendo, não reclamam de um bebezão, e duma pingolinha, abrem o berreiro”, finaliza. Eu penso, minha nossa, tenho de contar isso, mesmo que a mulherada vá baixar a linha no pensamento machista. Mas ele era um médico do tempo do parto natural, sem cesariana...

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