sexta-feira, 31 de maio de 2013

“Coleguinha”

Estou na redação do Correio do Povo, quatro da tarde, levanto a cabeça e vejo uma coleguinha me encarar pela quinta vez em dois dias. Ela abre um sorriso tímido. Baixo de novo a cabeça. Uns dez minutos depois, a cena se repete. Não tenho dúvidas. Pego o telefone e ligo pro ramal dela. “Me encontre lá na Casa de Cultura em dez minutos. Vamos tomar um café”. Na mesma hora, a guria levanta e sai...para meu espanto. Ela passa por mim, dá uma piscada e sai da redação. Eu espero uns minutos e vou atrás. Quando chego ali em frente à Casa de Cultura, a guria já está me esperando. Em silêncio pegamos o elevador e vamos ao Café Concerto, no sétimo andar. O silêncio continua imperando, até fazermos o pedido. O garçom sai para buscar os cafés. “E então?”, digo. “Então”, repete ela. “Aqueles olhares...”, continuo, para um segundo depois, a guria enfiar a língua na minha garganta. “Eu tenho namorada...”, tento dizer, antes de me entregar ao desejo. Pelo menos conseguimos tomar o café, antes de descer os sete andares pelas escadas, num violento amasso, que só terminaria seis meses depois, quando decidi focar apenas na minha namorada oficial, e passar mais seis meses sendo jurado de morte.

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