Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Minhas bolachas
Militando no PT lá por 1986, 87. Recém estava começando a faculdade na Unisinos, e um dia tinha uma reunião ali no centro, perto da Rua da Praia, e combinei de ir com o Valmor Guedes, até hoje envolvido com política. Passei nas Americanas, comprei um pacote de bolacha recheada São Luiz, hoje conhecida como Bono, e encontrei o Valmor em frente ao serviço dele, ali na Ladeira, onde hoje é o HSBC. Fazíamos hora para ir pra reunião, conversando com o porteiro do prédio. Nisso, um carinha parou do outro lado da rua e começou a mijar na parede. O segurança xingou o cara, que retrucou. Aí o segurança puxou uma arma da cintura e disse pro cara sair fora, senão levava chumbo. Em seguida, entrou no prédio, e fechou a porta, enquanto que o mijão foi embora. Mas voltou dois minutos depois acompanhado de dois brigadianos, que já chegaram berrando. “Os dois vagabundos na parede, pernas abertas”, ordenaram. Eu larguei minha pastinha da Unisinos, que trazia a inscrição Jornalismo, e fiquei naquela posição de quem já tomou atraque bem conhece. “Eles me apontaram uma arma”, disse o mijão. Negamos, dissemos que havia sido o segurança do prédio, que sumira, claro. “Onde tá a arma?”, perguntaram. Eu e o Valmor com a cara e mãos na parece, pernas abertas. Aí um dos brigadianos olha minha pasta e vê um volume. Não tem dúvida. Pega o cacetete e dá uma porrada nela. “Minhas bolachas”, grito eu, vendo a minha janta ser esmigalhada. O Valmor começa a rir, deixa a posição de atraque e leva uma cacetada nas pernas, para deixar de ser bobo. “Não mandei tu sair da posição”, berrou o brigadiano. O outro: “O que tem aí nesta pasta?”. “Eu disse, minhas bolachas”. Ele me alcança a pasta, eu abro e mostro o pacote destruído, os farelos espalhados junto com os cadernos, livros, canetas. Então eles se dão conta que pegaram dois guris inocentes, que estavam no lugar errado, na hora errada. E incrível, mandão o mijão embora e pedem desculpas para nós dois. Claro que eles não sabiam que íamos pruma reunião política.
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