Guaibadas é uma homenagem a Porto Alegre e o rio/lago que o circunda, cidade em que se passa a maioria das histórias que vou contar aqui. Histórias que aconteceram comigo, com amigos e amigas, com conhecidos e desconhecidos. Alguns causos são hilários, outros apenas divertidos, muitos são tristes, outros não tem nada de especial, mas mesmo assim devem ganhar a luz do dia. Enfim, um olhar sobre o porto-alegrense e suas loucuras.
sábado, 25 de maio de 2013
"O rádio"
O Denilson ganhou do pai dele um rádio-gravador, daqueles que os caras carregavam para cima e para baixo pelas ruas nos anos 1980. Não se desgrudou mais do aparelho, sempre ligado, o que era um inferno para as pessoas que estavam por perto. Algo exatamente como fazem os funkeiros hoje e seus celulares em ônibus e trens. Só que o carinha escutava som pop, mas igualmente irritante, pois em seu toca-fitas parecia ter apenas duas músicas. A gurizada ficava sentada ali na esquina do armazém do seu Manoel, um comerciante irascível e por vezes grosseiro ao extremo. E de repente lá vinha o Denilson e seu rádio, tocando ou Forever Young, do Alphaville, ou então Making Love, do Air Supply. Duas baboseiras românticas e intragáveis. Elas terminavam, ele fazia o rewind e elas começavam de novo. E o pessoal pedia para ele parar com aquela tortura, e o Denilson fazia exatamente como os funkeiros, dava de ombros, mandava todo mundo à merda e prosseguia com aquilo. Até que um dia o irmão do Valmor, o Eraldo, que trabalhava na Brigada Militar, perdeu a paciência: "Ô meu, tu pode desligar isso?". "Não", respondeu o Denilson. "Te peço na boa". "Não". O Eraldo, então, perdeu a paciência e a razão e enfiou o pé no rádio, que voou longe, pilhas prum lado, fita pro outro, para delírio da galera. O Denilson se desesperou, juntou os cacos, chorou, foi pra casa, mas no dia seguinte lá estava ele de novo. O jeito foi o pessoal sumir da esquina por um tempo.
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