sábado, 4 de maio de 2013

Kevin

Eu sofri muito bullying no colégio. Hoje é muito, muito difícil, praticamente impossível eu ser vítima, mas já fui lá na sexta série. Nunca esqueci o Kevin, putz, como eu odiava o Kevin. Ele roubava o dinheiro do meu lanche, quebrava meus óculos, me passava rasteira no corredor, entre outras maldades. A maior foi quando eu ganhei da mãe uma caixa de lápis de cera, novinha, brilhando. E eu que sempre gostei de desenhar, fui todo alegre pro Paula Soares. Tou lá na aula de Moral e Cívica, da professora Rose, que era bem, mas bem pequenininha, esperando começar a aula de Artes, olhando admirado meus lápis novos. E noto que o Kevin viu eles, e vem vindo. “Izidro, me empresta teus lápis?”. A vontade é dizer não, mas sei o que aconteceria. Eu seria espancado no recreio. Então cedo. Passo eles pro Kevin. Minutos depois ele volta, e me entrega a caixa. Ufa, nada aconteceu, penso. Engano. Quando abro a caixa, estão lá todos os meus lápis novos e ainda não usados totalmente quebrados, e o Kevin sai rindo. “Trouxa, tu é muito trouxa”, grita ele. Não choro. Mas o palavrão sai forte da garganta. “Kevin, pega eles e enfia no teu cu”. Penso que serei triturado, mas não. O cara chama a professora. “ Professora, o Izidro falou um palavrão”. A professora Rose me chama e pergunta. “Francisco, o que tu falou?”. “Eu falei pra ele enfiar os lápis no cu”, respondo. A professora não quis saber o motivo de minha raiva, não perguntou o que havia ocorrido. E nem deixou eu explicar o ocorrido. Fui levado para a diretoria, e peguei 3 dias de suspensão. Putz, eu odiava o Kevin. E acabei repetindo de ano por não conseguir me enturmar naquela turma em que era alvo de zombaria. Na sétima série, cresci uns 20 centímetros, fiz amizade com os roqueiros como eu, os punks, enfim, os desajustados, e nunca mais sofri bullying, pois a gente era considerado muito mais estranhos, mas ao mesmo tempo meio perigosos, para sermos alvo de chacota.

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