quarta-feira, 29 de maio de 2013

"A surra"

Putz, como apanhei nos primeiros tempos de colégio. Repetindo a sexta série, não foi diferente o meu destino. Estava lá eu na quadra de futsal do Paula Soares, que ficava no pátio secundário do colégio, lá na General Auto. Recreio, 10h da manhã, e eu fazendo meu lanchinho, pensando na vida, e olhando a gurizada jogar bola com uma tampinha de garrafa. As gurias estavam sentadas na escadaria do ginásio, onde no inverno jogávamos vôlei e ensaiávamos as peças de teatro. Eu vestia uma camiseta branca e a calça era aquele tradicional abrigo da Adidas, azul marinho, com as três listras brancas nas laterais. Abano pra Andréia, pra Flávia, pra Cláudia Batata, pra Diana. E quando elas retribuem o abano, sinto algo estranho. Olho pra baixo, e os carinhas da sétima série acabaram de puxar o meu abrigo pra baixo, levando de carona a minha cueca. Fico ali no meio do pátio, sendo zoado por eles, olho pra eles, olho pras gurias e não sei se largo meu sanduíche pra levantar a calça ou se choro. Puxo as calças de volta. Uma das gurias, e não consigo lembrar qual delas, sai correndo em direção à diretoria. Volta com a vice-diretora Margareta, apontando pra mim. Pronto, serei acusado de exibicionismo, mesmo que àquela época nem soubesse o que era isso. A Margareta, que era severíssima, para na minha frente, e os guris da sétima série já evaporaram. Mas eu sei quem são, e quando ela, ao invés de me ameaçar de demissão, pergunta quem fez aquilo, ingenuamente aponto o dedo para todos eles. A Margareta caça cada um, e quando passa com eles em direção ao SOE, um deles me olha, fecha o punho direito e soca a palma da mão esquerda. Isso significa que serei surrado em breve. Mais exatamente naquele dia. As aulas terminavam 12h. E faltando cinco minutos pra sineta, eu tremo todo, os colegas me olham, sabem do meu destino. Quando toca a sineta, já estava com todo o meu material guardado na mochila, levanto e desabo pátio afora. Quando passo pelo portão, levo uma rasteira. Eles estavam do lado de fora me esperando e não escapo de socos, pontapés, meus óculos são quebrados e todo o meu material retirado da mochila e atirado no chão. O massacre só para quando a professora Melda, de Ciências, sim, Melda, aparece e afugenta os valentões. Vou para casa, mas teria de voltar no dia seguinte e no outro, e no outro...

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